Luís Filipe Vieira, Paulo Gonçalves e a SAD de Benfica e Vitória de Setúbal estão a ser investigados pelo Ministério Público, que aponta a existência de corrupção ativa e fraude fiscal qualificada. O antigo presidente das águias foi ouvido em Tribunal e o Correio da Manhã teve acesso a alguns excertos do interrogatório.
“Havia uma mesa, de onde algumas pessoas saíram, e o Fernando (Oliveira, presidente dos sadinos à data) começou a falar comigo e disse ‘estou com um problema terrível’. Perguntei ‘então o que é que tens?’. ‘Preciso de 300 mil euros…’ e respondi ‘oh Fernando, não posso tirar 300 mil euros do Benfica de qualquer maneira. Deixa-me pensar nisso e vou ver”, começou por revelar o ex-dirigente encarnado.
“Então falei com o Paulo (Gonçalves) e perguntei como é que, juridicamente, podíamos fazer uma situação destas e ficar cautelado o futuro do Benfica. O Paulo disse ‘podemos fazer isso, mas temos de ter algum suporte e a única opção que temos é fazer opções pelos jogadores todos deles'”, admitiu.
Estima-se que os encarnados tenham injetado qualquer coisa como 1,5 milhões de euros nos cofres sadinos. Segundo investigação diretamente ligada ao ‘Caso dos e-mails’, o montante em questão deriva da assinatura de vários contratos, que, de acordo com o que foi descoberto pelas entidades responsáveis, ” não terão tido qualquer racional económico para o Benfica e não terão sido mais do que uma forma de a SAD então liderada por Luís Filipe Vieira transferir verbas para o Vitória de Setúbal”, revelou a revista Sábado, no passado mês de maio.
A mesma fonte revelou que os negócios em questão foram de Bruno Varela, emprestado aos sadinos durante um ano, com o Benfica a pagar 100 mil euros por 50% do passe na época seguinte. As águias contrataram Marcelo Hermes como jogador livre, a custo zero, pagando três milhões por custos de intermediação. João Amaral foi comprado (junho de 2018) pelo clube da Luz a 450 mil euros mais IVA, sendo vendido no mês seguinte, ao Lech Poznan, por 350 mil euros. Luís Felipe foi vendido pelo Palmeiras ao SEV por 570 mil euros, com o Benfica a pagar 1,8 milhões, dias depois. O passe de Willyan Barbosa foi oferecido ao Benfica para pagar uma dívida antiga. Os encarnados cederam-nos ao Setúbal, pagando, posteriormente 40 mil euros por 40% do passe.
