Gustavo Correia, da AF Porto, deslocou-se ao Estádio Municipal de Aveiro para dirigir o FC Porto/Moreirense FC.
O árbitro natural da Póvoa do Varzim recebeu a colaboração à distância de André Narciso (AF Setúbal), que desempenhou a função de vídeo árbitro.
Gustavo Correia tem apenas 32 anos, tendo chegado ao escalão maior do futebol português em 2019. Três épocas depois ascendeu à categoria de internacional. Ao longo desse período tem demonstrado qualidade crescente, embora ainda não tenha sido aposta para jogos de maior visibilidade mediática (grandes derbys e clássicos). Ontem não teve uma noite problemática, mas cometeu alguns lapsos disciplinares que podem ser pedagógicos para si, em termos de auto-avaliação e análise.
Segue análise técnica aos lances mais relevantes do encontro:
6′ Pedro Santos protagonizou entrada dura, estilo “tesoura”, sobre as pernas de Galeno. O médio nunca tocou na bola, apenas no adversário. O árbitro não sentiu que a infração fosse suficiente para primeiro cartão amarelo, momento importante que define a sua linha de atuação. Na nossa opinião a falta ofereceu o timing certo para a opção.
14′ O agarrão de Benny a João Mário levou à advertência do jogador do Moreirense, infração que teve menos evidência e risco de lesão do que a anterior. Ainda assim, é aceitável a interpretação feita pelo árbitro de que terá havido a chamada “falta tática”, que é ação antidesportiva.
27′ Entrada fora de tempo de André Franco sobre Buta, com o avançado azul e branco a pontapear literalmente a perna esquerda do seu adversário. A infração negligente foi bem decidida por Gustavo Correia.
34′ No início da fase de ataque que viria a resultar no autogolo de Buta, Danny Namaso ganhou a posse de bola a Gabrielzinho sem cometer infração sobre o opositor. Análise correta da equipa de arbitragem. Golo bem validado.
52′ Ainda se ouviram alguns protestos das bancadas, mas a verdade é que Buta tocou na bola sob pressão, ao jeito de corte, sem intenção de a atrasar para Caio Secco. Esteve bem o árbitro ao permitir que o guarda-redes do Moreirense a agarrasse com as mãos.
54′ Alanzinho atingiu a perna de Zé Pedro com os pitons de uma das bota numa situação em que o árbitro aplicou corretamente a vantagem. No entanto a infração do avançado brasileiro foi claramente negligente e devia ter sido punida com advertência (faltou intensidade e velocidade para a expulsão direta). Gustavo Correia não terá tido essa perceção em campo.
58′ Sidnei Tavares foi advertido por nova infração efetuada com as mãos (no caso, agarrão ligeiro a Galeno). O árbitro portuense privilegiou disciplinarmente essas ações, em opção questionável face a algumas entradas que não tiverem idêntica análise.
61′ Golo do FC Porto, da autoria de Stephen Eustáquio, com dois momentos em avaliação: a legalidade da posição de Namaso (muito bem o árbitro assistente) e a da carga lateral exercida sobre Fabiano (muito bem o árbitro, foi ombro com ombro e a bola estava jogável).
67′ O lance mais complexo da partida: Sidnei Tavares tentou entrar na área adversária, sendo “travado” pelos braços de Namaso, ali em posição defensiva. Mas o jogador do Moreirense também usou as mãos para se livrar da marcação, caindo ao relvado de forma que nos pareceu algo facilitada. Esses dois fatores esvaziaram a convicção de que poderia haver motivo para pontapé de penálti.
78′ Alanzinho, que já tinha visto antes o cartão amarelo, protagonizou entrada desnecessária e fora de tempo sobre Alan Varela. Em rigor a segunda advertência não escandalizaria, mas a “gestão” efetuada pelo árbitro nesses lances foi a mesma desde início.
